quinta-feira, janeiro 28, 2010

Conto: Paciente Zero

Enquanto o mundo não para, mesmo depois de décadas de desenvolvimento, existe um garoto que não o acompanha com a mesma velocidade, um simples menino que apesar de tudo, está cheio de sonhos e desejos, ele foi criado na rua, seus pais morreram em um ataque quando alguns países acharam que era hora de roubar nosso bem mais precioso, a Amazônia, milhares de pessoas morreram naquela época, devastando cidades inteiras. Atualmente nosso país tenta se reerguer novamente, tentando recuperar as cidades que julgavam ser mais importantes: Rio de Janeiro e São Paulo, que hoje tem uma maior concentração de pobres, e também são os estados onde encontram-se os bandidos mais procurados do país e alguns rebeldes que não concordam com a politica do nosso governo em aceitar de cabeça baixa a invasão em nosso território, e também, nestes estados é onde estão a maior parte dos “Infectados”, que são aqueles que sobreviveram as bombas biológicas jogadas pelos invasores, os Infectados carregam em si um vírus mortal que pode ser transmitido por via respiratória e por isso, eles são a prioridade do governo onde são caçados e exterminados e para isso, foi criado uma “Unidade de Rastreamento e Controle dos Infectados” (U.R.C.I.) para abate-los e não deixar que o vírus se prolifere.

- Sabe qual é o meu maior sonho? - o garoto maltrapilho perguntava com os olhos cheios de esperança, falando com o seu cachorro surrado que o encarava sem nada entender.

- Eu queria poder entrar e conhecer a Amazônia, e tentar imaginar como ela foi um dia, quando não havia guerra.

O Garoto abraça o cachorro que depois de alguns segundos responde com latidos, chamando a atenção de outras pessoas que compartilhavam o mesmo comodo deste prédio abandonado, mas seus olhares não eram de repreensão e sim, de alarde, como se estivessem preocupados com alguma coisa. Um baque surdo é ouvido e logo em seguida vários gritos ao longe, todos que estão neste comodo sem conforto algum, se levantam atentos enquanto outros correm para olhar por algumas brechas através da janela, era de noite, um céu sem estrelas e nuvens nos mostrava a cidade mergulhada nas trevas, mas no chão podia-se ver veículos parados e diversas luzes.

- Eles estão aqui! - disse um homem alto, loiro, de olhos claros e pele branca, após olhar por uma brecha pela janela.

- E agora? O que faremos? - perguntou uma mulher baixa, de cabelos negros e pele branca.

- Temos que sair daqui, não é mais seguro permanecermos aqui – sai ás pressas para ficar no centro e anuncia: - Eles chegaram! Peguem o necessário e vamos sair sair pelo local combinado que construímos, AGORA!

 Todos começaram a se levantar e se mexer para arrumar suas coisas pegando o necessário e deixando o resto para trás, não tinha muita coisa para levar, mas o pouco que tinham era necessário para a sobrevivência deles. Começaram a sair um por um por um estreito túnel  secreto que foi construído por eles, este túnel era bem escuro, não havia luminosidade ambiente e nem por gerador ou outro tipo de energia, pois o prédio estava abandonado a muito tempo e mais nada funcionava, o túnel era apertado, só poderiam seguir em fila indiana, o ar mal circulava por ele o que fazia com que as pessoas andassem com pressa mantendo uma distância segura uma das outras e evitando o máximo fazer algum barulho que chamasse atenção de quem não deveria.
 Sem entender muito o que estava acontecendo, o garoto seguia as pessoas, ele foi o último juntamente com seu cachorro, que logo depois de um tempo de caminhada, o cachorro começou a latir insistentemente, até que o homem, aparentemente líder do grupo, veio até ele apontando o dedo em seu rosto e começou a dizer:

- Faça com que esse seu cão pulguento cale a boca, David,  ou você quer que eles peguem a gente? - com os olhos irradiando uma raiva interna, se esforçando ao máximo para não explodir, virou e se afastou.

 O Garoto olha de soslaio para seu cachorro e sussurra:

- Chip, não faça barulho! - o cachorro resmunga baixinho em resposta, mas fica quieto caminhando ao lado de seu amigo, David.

 Caminhando em linha reta, depois descendo em forma de ziguezague, não havia muitos orifícios por onde entrar ar dentro do túnel, e essa caminhada deixava o menino cansado, quando ele finalmente parou para descansar e tomar um pouco de fôlego, o silêncio é quebrado por sons de tiros e mais gritos fazendo com que o silêncio predomine o ambiente, não são ouvidos sussurros, nem pés se arrastando, nada, todos haviam parado, evitando chamar a atenção, mais um estrondo é ouvido, dessa vez, mais perto, alguém mais a frente do grupo grita: - Corram!
 Sem pestanejar, todos começaram a correr, se esbarrando um no outro, o desespero tomando conta, disparos são feitos e um homem a frente do David cai e não se levanta. O Corpo do Homem caído atrapalha a passagem do garoto com o seu cachorro, a essa altura os outros do grupo já sumiram de vista, e com muita dificuldade, o garoto passa pelo homem caído.
 Enquanto corria sem olhar pata trás, David se viu sozinho, não conseguindo encontrar os outros, perdido no meio daquele túnel traiçoeiro, sem saber ao certo que caminho tomar quando o túnel fica dividido em várias direções. Ao ouvir passos se aproximando, ele toma uma decisão de última hora, escolhe uma direção e entra pelo túnel, e corre, depois para e decide se esconder em um dos muitos buracos que passou, tateando sempre, ele encontra um do seu tamanho e se enfia ali dentro junto com seu cachorro.
 Não demorou muito até que David, em seu cubículo, visse alguns pares de pernas com uma vestimenta preta e algumas luzes, uma luz vermelha saindo do armamento e uma luz mais clara do capacete para iluminar o ambiente, ele reparou que as pessoas usavam um colete com a sigla “U.R.C.I.”, sobre o rosto, usavam máscaras que tinham tubos que levavam direto ao cilindro acoplado em suas costas, na parte dos olhos, a máscara emitia umas luzinhas piscantes, como se um óculos já estivesse na própria máscara, um óculos de visão noturna, mas não era um óculos comum, mas eram capazes de analisar toda uma área  e passar informações para seu usuário, como: Temperatura ambiente, rastro de calor e quanto tempo ela está por ali, detecta ruídos que é informado através de uma pequena barra no canto superior esquerdo, além de informar, é claro, o ângulo de visão e distância de um alvo, este óculos são capazes de ter noção de profundidade e também oferece serviços básicos que é a hora local e mundial, calculadora, previsão do tempo de qualquer lugar do mundo atualizado minuto a minuto, não esquecendo que toca NAM9, que nada mais é do que uma versão muito mais atualizada do MP3, que pode ser escutado através de um fone embutido na máscara que obedece por comando de voz.
 David, sentado no canto escuro, com medo e segurando firme seu cachorro foi surpreendido por alguém dentro do túnel que o puxa para dentro da escuridão, depois de algum tempo engatinhando e cada vez mais adentrando nas profundezas, alguém sussurra para ele:

 - Onde é que você estava com a cabeça ao ficar parado lá esperando ser encontrado? - devido a escuridão, David não distinguiu quem seria, não reconheceu a voz, só percebeu que era um homem.

 Depois de uma longa caminhada fugindo por túneis, depois vielas, becos e ruas escuras passando por prédios  em ruínas, os que estavam inteiros tinham sido pichados. O Silêncio predominava na noite sombria, ambos fizeram uma pausa em um beco para tomar fôlego, para quebrar esse angustiante silêncio o menino toma a iniciativa.

- O que aquelas pessoas queriam?
- Nos exterminar – o rapaz se vira e o garoto percebe que é o líder do grupo.
- Mas por quê? Eu não fiz nada!
- Eles nos consideram perigosos, uma ameaça á milhares de pessoas.
- Mas eu sou apenas uma criança, só tenho 9 anos, como posso ser tão perigoso?
- Eles acham que estamos doentes, e outras pessoas podem ficar doentes por nossa causa.

Sem saber o que dizer o menino fitava seu cachorro que retribuía o olhar.

- Para onde nós vamos agora?
- Nós? Agora, cada um por si garoto, mas se você quiser ficar com o pessoal do grupo, eles foram foram se esconder no metro, na estação abandonada, eu posso te levar lá.
- Mas e você? Para onde vai? - o homem o encara desconfiado
- Eu estou indo para a Amazônia, ouvi rumores de que minha esposa e minha filha estão vivas e estão lá.
- E eu ouvi dizer que aquele lugar é bem protegido e que ninguém consegue passar pelos portões sem autorização.
- Eu sei – suspira o homem.
- Então como sua mulher e filha podem estar lá? Elas não eram uma de nós?
- Elas estão presas.

O Menino queria perguntar várias coisas, mas se controlou, talvez o homem precisava de tempo para concluir a frase pensou o garoto.

- Não sei ao certo por que elas foram presas mas vou tirar elas de lá, nem que seja a última coisa que eu faça nessa vida.
- Então eu vou com você!
- O que? Claro que não!
- Por que não?
- Por que lá não é lugar para crianças como você, Infectado.
- Eu não tenho mais nada a perder, meus pais morreram há alguns anos atrás e meu sonho é conhecer a Amazônia.

Um carro vem na direção deles, e eles se escondem atrás de escombros de um estabelecimento, o carro estacionava próximo dali e o homem leva um susto quando o motorista desce do carro e vem na direção deles.

- Você? Pensei que...
- Eu vou te ajudar a libertar minha irmã e minha sobrinha! - ela o encara por um instante mas ele nada diz – Marcus, você vem ou não?

O Homem olhava da mulher para o menino sem saber o que fazer. O Menino reconheceu a mulher, era a mesma que olhou pela janela com o ex-lider do grupo, Marcus, a mulher de cabelos negros e pele branca.

- E então... vai ficar parado aí?
- Mas e ele?
- Eu o que? - diz o garoto.
- Não podemos deixa-lo aqui pois ele pode ser pego mas tão pouco leva-lo direto para a morte com a gente. - O Homem disse para a mulher.
- Então, vamos leva-lo. - e se dirige ao carro, o homem a segue.
- O que? - surpreso.
- Vamos logo, estamos atrasados. - a mulher grita de dentro do carro.

O Menino corre em direção ao carro, e se acomoda no banco traseiro junto com o se cachorro, o estofado era velho e da cor cinza claro com algumas listras pretas, vermelhas e azuis, e com alguns furos por onde saiam o enchimento, o painel do carro aparentava ser bem antigo e algumas coisas o carro não tinha, como: cinto de segurança, radio, e a portinha do porta luvas, a mulher da a partida no carro que custa a pegar.

- Onde você conseguiu esse carro Anna?
- Eu conheço um cara que trabalha em um desmanche clandestino.

 Depois de algumas horas dirigindo, passando por ruas desertas e esburacadas, e por muitos conglomerados de mendigos ao redor de latões com fogo se aquecendo na fria madrugada, passaram por estradas de terra, desviavam de possíveis rotas da U.R.C.I. Fazendo o máximo para não serem vistos.
 O carro estacionava em algum galpão no meio do nada a apenas alguns quilômetros da fronteira de São Paulo com os antigos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.

- Por que paramos? - questionou o garoto por parar num local deserto.
- Não podemos prosseguir pela estrada ou pelo ar, tudo está sendo muito bem monitorado por agentes, câmeras, cães farejadores, helicópteros e outras coisas. - respondeu a mulher.
- E como faremos?
- Vamos por baixo da terra. - disse o homem saindo do carro.

 Os Três caminharam pelo campo aberto rumo ao galpão abandonado, ao redor não tem nenhum sinal de vida, o verde que deveria estar por ali, sumiu há muito tempo, eles se aproximavam da única porta visível, a mulher bate de leve três vezes, depois de algum silêncio, uma pequena portinhola se abre e um par de olhos aparece e analisa os estranhos por um instante.

- Está no meio do começo, está no começo do meio, estando em ambos assim, está na ponta do fim? - diz o dono do par de olhos que os encarava.
- O que ele está fazendo? - o garoto cochicha para o homem ao seu lado, o Marcus.
- Ele está se certificando quem somos – cochicha ele em resposta – Desculpe, o senhor pode repetir? - o homem desconhecido o olha sem nada a dizer, então a mulher decide quebrar o silêncio.
- A Letra “M” - disse ela.

 Os dois homens e o garoto olham para ela surpresos. Quando finalmente a porta é aberta, os três adentram o recinto, eles percebem que a visão interna é bem diferente da externa, onde víamos que o galpão era mal cuidado, janelas cobertas com madeiras, pintura obsoleta e descascava em algumas partes, o mofo surgindo em outras e uma parte do telhado estava quebrado, nenhuma luz estava acessa ao lado de fora e muito menos parecia que tinha luz do lado de dentro e nenhum som se ouvia.
 Internamente, a coisa era bem diferente, janelas não existiam ali, as paredes eram revestidas de aço, pequenos dutos de ventilação pendiam de lugares estratégicos, era bem iluminado e organizado, a cor predominante era o cinza com o branco. Depois de terem atravessado alguns corredores e salas, chegaram ao centro, onde  alguns trabalhadores de jaleco cinza escuro trabalhavam em algo que parecia ser uma nave ou algum outro meio de transporte.

- Ora, ora, ora... O Que temos aqui? Hospedes ilustres sem sombra de dúvida, a que devo a honra, Marcus e Anna?

Os adultos que acompanhavam o garoto, David, se entreolharam surpresos.

- Você. Está. Vivo? Como? - pergunta Marcus sem entender nada.
- É uma longa história, me acompanhem que lhes mostrarei nossas instalações e lhes conto a minha história.

 Logo após os ataques e a invasão, milhares de pessoas morreram, mas algumas conseguiram fugir a tempo, passaram a viver nos subterrâneos do interior do estado onde conseguiram viver sem serem descobertos, até que um deles, um homem chamado Saulo começou a admitir vários desertores do exército de PASUBIN (antigo Brasil) e muitos rebeldes, assim como os Infectados, com um único objetivo: derrubar o ditador Jacinto Rêgo Pinto, para que a paz volte a reinar em nosso território.

- Mas não será fácil, mas temos soldados em todo o país para lutar pela liberdade, fora que temos contatos com países vizinhos que vão nos ajudar nessa empreitada e bons patrocinadores também - disse Saulo enquanto todos chegavam em um grande refeitório. - Vocês devem estar com fome, não é mesmo?

 Os três recém-chegados pegam cada um uma bandeja, passam por diversas travessas e colocam aquilo que lhes agradavam, a comida era bem estranha mas dava sustância para quem comia, no final, tem uma máquina que oferece um saquinho para acompanhar a comida, dentro dele continha um pó branco.

- Ah que saudade de beber água de verdade – disse Saulo – uma pena.
- Por que? - perguntou o curioso David.
- Desculpe, este é o David, ele estava no mesmo grupo que eu, mas acabou se perdendo e resolveu se juntar a mim – rapidamente explicou Marcus.
- Tudo bem, sem problemas! Então, respondendo a sua pergunta. Hoje em dia não existe muitas reservas de água, o oceano está secando, e água de verdade, água que podemos consumir, é cara e só quem paga por ela são apenas pessoas poderosas, e para o resto da população só resta o genérico – segurando o saquinho com o pó branco e mostrando a David – que na realidade é apenas um pó com as propriedades que tem na água e que se dissolve rapidamente com a saliva da boca, entendeu?
- Sim – todos se sentam e o garoto retorna a falar – de onde vocês se conhecem? Digo isso por que na sua história você não os menciona.
- Eu era um velho amigo da família deles.

 Depois de se atualizarem e contarem as novidades e aventuras por quais passaram, Marcus e Anna contaram o que queriam, eles precisavam de ajuda para atravessar a fronteira do estado sem serem pegos, através dos túneis subterrâneos que eles sabiam que as pessoas do galpão conheciam, Saulo por sua vez, ficou um pouco receoso, mas depois de refletir acabou por aceitar ajuda-los.
 Logo após comerem, Saulo os acompanha até o local onde iriam dormir.

 - Vocês podem descansar aqui, daqui algumas horas estaremos pronto para partir.

 Eles entraram dentro do quarto, tinha três camas comuns e um banheiro, tomaram banho de água quente e colocaram roupas limpas e foram se deitar, felizes por descansarem agora depois de uma cansativa viagem.

 - Marcus? - diz o garoto, o homem o olha – Por que sua mulher e filha foram presas?

 O Silêncio predomina no ambiente, mas ele acaba decidindo por contar a verdade.

- Na realidade, ela não foi presa, e sim, foi capturada com suspeitas de ser a Paciente Zero.
- Paciente Zero? Como assim?
- Quando os ataques começaram, os invasores não sabiam ao certo se 100% da população iria sofrer os efeitos colaterais, e como ela não demonstrou sintomas aparentes, os agentes da U.R.C.I. Decidiu captura-la e estuda-la.
- E o que isso tem a ver com sua filha?
- Eles acham que se minha mulher for imune ao vírus, milha filha pode ser também, acham que pode ser hereditário.
- Quantos anos sua filha tem?
- 5 anos.
- Pronto, agora chega, vamos descansar – disse a Anna, cortando o papo dos dois.
- Calma... eu tenho uma última pergunta.

 Os dois ficam quietos esperando o David prosseguir e tirar sua dúvida.

- Se existe mesmo um Paciente Zero, será que através dele é possível fazer uma cura para os infectados?

 Marcus fica pensativo por alguns instantes e Anna olha de um para o outro, curiosa sobre este novo nível de conversa.

- Bom, considerando as possibilidades, acho que poderiam sim fazer uma cura, porém, acho que o ditador desse país assim como os invasores, eles tem outras prioridades.
- Que outras prioridades? - perguntou Anna indignada com o que acabara de ouvir.
- Talvez ele queira melhorar a imunidade de seu exército caso outra guerra aconteça.
- E existe essa possibilidade? - pergunta o garoto se contendo para não chorar, talvez lembrando o que aconteceu com seus pais.
- Sim – respondeu ele – está tudo muito quieto, estão aceitando tudo de cabeça baixa, talvez virá mais uma guerra por aí.

 As horas foram longas, Anna e David conseguiram descansar bastante, mas o Marcus não pregou o olho preocupado com o que poderia vir a seguir. Depois de algumas horas, Saulo apareceu acordando eles, pedindo para se aprontarem para poder partirem.
 Eles estavam andando por um túnel bem iluminado mas desprovido de qualquer meio de transporte que os fizesse andar mais rápido, o ar ali embaixo era um pouco mais espesso e não circulava muito, se andassem rápidos demais poderiam ficar com falta de ar.

- Chegamos, é aqui. - disse Saulo apontando para uma porta de aço, e ao lado dela tinha um pequeno identificador com uma pequena luz vermelha para abri a porta.

 Saulo se aproximou do identificador, abriu uma tampinha, apertou alguns números no teclado numérico, e colocou o polegar e após alguns segundos a luz vermelha fica verde, e a porta de aço corre para esquerda, todos eles passam e em seguida se encontram em um corredor com diversas portas se alternando em cada lado, quando chegaram ao fim do corredor, tinha um espaço que não era visto de longe, um lugar vago, todos se acomodaram ali, 5 segundos depois o chão em que eles pisavam começava a subir e logo eles estavam em um salão amplo não muito melhor que o do galpão abandonado, existiam algumas pessoas ali também, mas que estavam ocupadas demais para ver quem eram os estranhos, Saulo os leva para fora do galpão, e a paisagem não era muito diferente da anterior também.

- Bom, vou deixar vocês aqui, estão vendo aquele carro? - apontando para um automóvel azul escuro – O Motorista vai dar uma carona para vocês para a estação do Trem Bala mais próxima, assim vocês podem descer no Amazonas e se conseguirem, de lá podem ir para a Amazônia.
- Obrigado! - disse Marcus, Anna assentiu.
- Mas cuidado, durante todo trajeto os trens são muito bem monitorados e nada passa desapercebido por eles.

 Eles olham um para o outro já imaginando o que poderia acontecer se fossem pegos.

- Pegue, isso é para vocês três - entregando três bilhetes – É a passagem do trem bala até o destino de vocês.

 Eles olham surpresos para o Saulo, pois imaginavam que seria mais difícil pegar o trem bala, talvez entrar clandestinamente em um vagão. Após se despedirem, eles entram no carro para seguir viagem que durou apenas algumas poucas horas, passaram por diversas paisagens industriais e arranha-céus que agora são mais comuns e vistos em qualquer parte do mundo. O Carro estaciona em uma vaga á uma quadra da estação do trem bala.

- David, você não poderá levar seu cachorro, acho que não é permitido animais circulando pelos vagões e se fossemos levar ele numa gaiola pelo compartimento de cargas, talvez iriamos chamar muita atenção. - diz o Marcus tentando alerta-lo.
- Ele está acerto. - confirmou Anna.
- O que eu vou fazer com ele? - olhando seu cachorro e tentando pensar em alguma saída. - Já sei!

 Ele pega seu cachorro, que não era de uma raça grande e sim um pequeno vira-lata, e colocou dentro da mochila que estava em suas costas, Marcus e Anna não vendo problema nisso, decidiram seguir em frente, eles descem e caminham sem chamar a atenção. Não demoram muito até que entraram dentro da estação, do saguão principal, é anunciando que faltam 10 minutos para o trem chegar, a viagem até a Amazônia iria durar 1 dia, pois ele passa por diversos pontos de vários estados. Quando o trem chega eles embarcam receosos, o trem parti dali, uma pessoa próxima deles começa a tossir dentro do vagão, o que deixa os intrusos suando frio e que notassem a presença dele, o cachorro começa a se revirar dentro da mochila o que chama atenção do Marcus, em uma ponta do vagão aparece uma pessoa checando os bilhetes dos passageiros com uma máquina em suas mãos.

- Temos que sair daqui. - apressando-se e puxando David e Anna para outro vagão, que o seguiram sem resmungar.

 Eles trocam de vagão, param de andar por que no refletor mostrava uma noticia que chamou a atenção deles, um galpão estava sendo bombardeado, mas os rebeldes já esperavam por isso e revidavam a altura com uma artilharia pesada e ao que parecia os agentes da U.R.C.I. e os soldados do governo não esperavam por essa recepção.

- O que será... - iria falar a Anna quando foi interrompida.
- Shhhhh! - fez o Marcus e ela se calou – Vamos andando.

 Caminhavam rapidamente e chegaram nos vagões-dormitórios, acharam um vazio, adentraram e se trancaram lá dentro, Marcus colocou o ouvido na porta para se certificar de que não tinha ninguém passando para que não pudessem ouvir a conversa entre eles.

- Como será que eles descobriram o galpão dos rebeldes? - perguntou Anna curiosa e assustada.
- Talvez o carro que usamos tinha um rastreador - respondeu Marcus.

 O Garoto os observava com atenção para entender o que aquilo significava, ele abriu sua mochila e o cachorro colocou a cabeça para fora para respirar melhor. Eles se acomodaram cada um em uma cama mas não conseguiram dormir pois estão preocupados, cada segundo de desatenção pode custar-lhes a vida, então ficaram sempre alertas para qualquer coisa fora do normal, mas nada aconteceu e os três acabaram pegando no sono. Algum tempo depois, eles são acordados com uma agitação no corredor onde passos apressados são ouvidos, Anna e Marcus ficam imóveis, tentando ouvir alguma coisa mas nada escutam, Marcus se levanta e abre um pouco a porta e tenta ver ou escutar alguma coisa e depois de alguns segundos de observação ele fecha.

- Eles estão vasculhando os dormitórios!
- Será que nos descobriram? - diz Anna olhando para o David que continuava dormindo.
- É uma possibilidade, por isso, precisamos agir, caso alguma coisa aconteça.
- Já sei! - Ela olha para ele determinada a vencer mais esse desafio que os cercam.
- O que pretende fazer? - pergunta ele curioso.
- Simples, quando ele entrar aqui, você vai estar escondido, e ele só vai ver eu e uma criança, na primeira oportunidade nós acabamos com ele, e depois você pega a roupa dele e escondemos o corpo e tentamos dar o fora daqui.

 Mesmo não concordando com esse plano, Marcus se esconde, apesar do dormitório ser pequeno e apertado, ele conseguiu se manter fora de vista de alguém que entrasse no dormitório. Alguém do lado de fora do quarto tenta entrar, a porta abre.

- Desculpe senhorita, mas em breve chegaremos no destino, e estou aqui para me certificar de que seu bilhete é válido e se não há nenhum invasor infectado escondido por aqui.

 Anna lhe entrega seu bilhete e o do David, ele os insere, um de cada vez, em seu pequeno equipamento que emitiu um sinal de verde, significando que os cartões são válidos.

- Por favor, coloque o dedo indicador aqui – ela o olha sem entender – é um exame rápido de sangue, que vai constatar se você não foi infectada e o resultado aparece em apenas 30 segundos. - ele se aproxima dela se afastando da porta.
- É obrigatório esse exame? Pois você poderia me deixar passar sem esse exame, e eu te pagaria muito bem – levantando um pouco sua camisa e deixando o umbigo a mostra, o funcionário do trem se aproximou um pouco mais e ela levantou a camisa toda – você aceita?

 Ele a coloca contra a parede e a vira de costas com a mesma velocidade encostando seu corpo no dela, coloca suas mãos na cintura dela e cheira seu cabelo. Ele é forçado a girar na direção contrária de repente e leva um soco de direita e uma joelhada, e cai de joelhos com dor, com um único e rápido movimento, Marcus quebra o pescoço dele, e o corpo cai no chão. David acordou com o baque surdo do corpo caindo no chão e Marcus já estava se despindo e trocando de roupa com o sujeito enquanto Anna verificava se o corredor estava vazio. Eles escondem o corpo na cama, como se fosse alguém nu dormindo, colocam o cachorro na mochila, e Marcus sai na frente, depois de alguns segundos David e Anna o seguem, passando pelos bancos e olhando pela janela percebem que o dia está amanhecendo e a paisagem mudou completamente ao lado de fora, onde o verde é muito mais frequente. Próximo a porta de saída do trem tinha um painel que informava onde eles estavam e quanto faltavam para chegar no seu destino, por sorte, estavam a cinco minutos da estação de destino deles, e a paisagem já mudava, já dava para ver altos prédios, pessoas andando com pressa ao lado de fora e placas com nomes de comércios que não estavam escritos em português.

- Vocês aí! Parados! - gritou uma voz logo atrás deles.

Eles olharam um para o outro e sem pensar duas vezes, começaram a correr, acordando pessoas que estavam dormindo e derrubando bandejas e bagagens  pelo caminho. Quando o trem pára, eles rapidamente saltam para fora dele e continuam correndo, passando por corredores de pessoas quando eles param de repente, a frente deles tinham cinco homens engravatados com um fone branco em um dos ouvidos e usavam óculos escuro e seguravam neutralizadores.

- E agora? - disse a Anna espantada.
- Vamos dar a volta por ali. - apontando com a cabeça para um corredor menor.

 Desistiram de prosseguir e correram para o corredor menor, alguns disparos são feitos e um estrondo é ouvido, David se vira e de olhos arregalados grita “Não”, Marcus pára de correr para ver o que aconteceu e vê sua cunhada, Anna, caída no chão e tremendo, devido ao efeito do neutralizador.

- Vamos, eles a pegaram, não podemos fazer mais nada por ela agora. - disse ele puxando o David pelo braço.

 Correndo sem parar e sem olhar para trás , ele seguem em frente, entrando por uma porta de manutenção que estava fechando, Marcus impede ela de se trancar, quando entraram eles perceberam que ela da acesso aos corredores internos da estação do trem-bala, depois de correr por mais algum tempo, eles encontram uma porta que é uma saída para o estacionamento, eles saem por ela e se misturam entre os carros.

- Despistamos eles, eu acho – Marcus estava ofegante, e se abaixou para se esconder de possíveis câmeras ou testemunhas.
- Ops! O que são aquelas pessoas vindo naquela direção? - disse David.

 Rapidamente se levantaram e correram na direção oposta, virando uma coluna, Marcus viu outro grupo de pessoas que procuravam por eles, como eles não tinham visto o garoto ainda, ele voltou um pouco e empurrou  o garoto entre os carros e se afastou da cena, o menino engatinha para longe dali, segundos depois, ele só ouviu passos pesados, zunidos e um estrondo de algo caindo sobre um capô de um carro e então o silêncio.
 Ninguém mais encontrou o garoto no estacionamento, ele conseguiu fugir, e entrou clandestinamente em caminhões de cargas e foi para a Amazônia. Não demorou muito tempo até que alguém o encontrasse, ele estava em uma pequena floresta com seu cachorro, a última que sobrou do desmatamento. Eles tiraram o menino dali e levaram para seu quartel general, de longe, seu cachorro assistia a tudo, começou a choramingar e uivar de tristeza por ter perdido seu dono, seu melhor amigo. No Quartel General foram feito exames no garoto, pois se ele estava infectado, ele já deveria ter morrido, em criança o vírus é mortal, mas os cientistas ficaram surpresos, apesar de tudo, ele não estava infectado, nem sequer o vírus tinha se desenvolvido, fizeram outros exames e descobriram que ele era o Paciente Zero. Foi uma surpresa, contactaram seus superiores pedindo instruções, e então foi informado que eles deveriam criar uma imunidade para os soldados, não era uma vacina, era algo mais complicado, algo que demandava do garoto muito mais do que ele poderia dar, mesmo contra a vontade, seu sangue era precioso, a partir dele poderiam melhorar a imunidade dos soldados com anticorpos, mas em uma quantidade limitada, e isso custaria um preço muito alto, a vida de David.

FIM.

Conto de minha autoria.
Raphael Gama

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