segunda-feira, setembro 06, 2010

Resenha: Barro Blanco (José M. de Vasconcelos)

 Eu acho que pouca gente ouviu falar do livro "Barro Blanco" escrito por José Mauro de Vasconcelos no ano de 1948, apesar de ser um escritor brasileiro tendo feito grande sucesso junto ao público, a importância do trabalho de José Mauro não é devidamente reconhecida no Brasil.

 A crítica francesa Claire Baudewyns afirma que há em suas obras algo "qui confère aux œuvres de José Mauro de Vasconcelos une poésie particulière née de l’alchimie entre monde réel et monde imaginaire." ("que confere às obras de José Mauro de Vasconcelos uma poesia particular, nascida da alquimia entre o mundo real e o mundo imaginário", numa tradução livre).

  Capa do livro, entretanto, o que eu li não era essa capa, não encontrei na internet e to sem câmera decente pra tirar uma foto dela.

 Antes de falar sobre o livro, vou falar um pouco mais sobre o escritor, ele nasceu de uma familia nordestina pobre e que foi para o Rio de Janeiro ainda novo mas que voltou para Natal para ser criado por parentes.

 Ingressando da Faculdade Medicina  da capital potiguar, abandona o curso no segundo ano, retornando ao Rio de Janeiro a fim de conseguir melhores oportunidades. Ali, trabalha como instrutor de boxe, e até modelo pictórico. Há uma estátua sua, como modelo do escultor Bruno Giorgi, no Monumento à Juventude, na antiga sede do Ministério da Educação.

 Iniciou na literatura com o romance Banana Brava de 1942. No livro Meu Pé de Laranja Lima, seu maior sucesso editorial, serve-se de sua experiência pessoal para retratar o choque sofrido na infância com as bruscas mudanças da vida.




Sobre o livro:

 O Livro é dividido em duas partes a primeira é chamada de Terra Seca e a segunda é chamada de Barro Blanco, cada uma composta por IX capítulos.

 O Que eu mais gostei no livro, foi a forma como a história é apresentada, ela é bem brasileira, com direito a sotaques carregados e nomes tipicamente nordestinos, como por exemplo: Eusébio e Dorcelino.

 Outro fator iteressante são as informações daquela época que ele nos passa, tanto geograficamente/ culturalmente como gramaticamente, pois as palavras que hoje não tem acento, naquela época aparentemente continham, por exemplo: bôca, sêca, sôbre, êle, ôlho, entre outras.

 Antes de você começar o livro, o autor disponibiliza uma nota sobre a ilha mencionada no livro, ele diz que a Ilha Manoel Gonçalves onde a cidade de Macau cituave-se, até a ilha começar a imergir na imensidão do mar e a cidade teve que ser transferida para o litoral do país e que nos dias de hoje a ilha começava a ressurgir.

 Na primeira parte do livro é contada um pouco a história do personagem central do livro, o Chicão, que é considerado um cigano por ter sido abandonado na porta de uma fazenda, e também conta a história da cafetina Margarida de Papo Amarelo, pois é ela quem está em alguns momentos importantes para Chicão, como por exemplo, na queda de braços, onde perdeu e um ano depois ganhou e como recompensa, a famosa faca do ganhador que passa de maõ em mão.

 Outro evento interessante que acontece no livro é a Eleição da Rainha da festa, que ganhou a amada de chicão, Joaninha Maresia, namorada nº 1 dele, como diz no livro, homem do mar tem uma mulher em cada porto, mas sempre tem uma que ele gosta mais.

 Quando Joaninha Maresia é eleita a rainha, chicão acha que ela ganhou só por que ele ganhou a queda de braços, o que o tornou famoso na região, pois o ex-ganhador detinha o título durante 5 anos.

 Um capítulo interessante, é sobre o Velho Malaquias, considerado como um louco, por prever o futuro com a areia da praia, e um dia, chama Chicão, e faz suas previsões, que não são nada boas.

 No fim da primeira parte conhecmos o inicio da história de Chicão desde o inicio, e conhemos a verdadeira seca do nordeste, onde morrem animais e homens, até o começo da sua parte quando ele resolve ir para o litoral.

 Na segunda parte, descobrimos como ele chega a ser um homem do mar e nesse meio tempo conhecemos um pouco da história de Joaninha Maresia.

 Acontece também o primeiro sinal da previsão feita por Velho Malaquias, teimoso como ele é, decide embarcar na barcaça de pior fama, que ironicamente se chama: O Dedo de Deus, dizem que ela é almadiçoada.

 No fim, a vida de Chicão se acaba como havia previsto o velho malaquias.

  Eu gostei da história, ás vezes eu achei ele meio poético com as palavras e escreveu a história com todo o cuidado nos detalhes que por isso, acho estranho este escritor ser desprezado aqui no Brasil enquanto outros que não tem tanto talento assim são tido como heróis, enfim, eu gostei e recomendo e acredito que vai ajudar e enriquer muita gente, leia e confira você mesmo.

2 comentários:

José disse...

Caro Raphael, gostei de suas observações, claras, objetivas, diretas, como era o grande José Mauro de Vasconcelos, desprezado pela crítica brasileira, mas responsável por uma vasta literatura.
Brasileiro metido a intelectual é assim. Despreza o que tem e vai prestigiar autores de outras terras, outras línguas, só para fazer "espuma". Eu já li Barro Blanco seguramente sete ou oito vezes, e a cada leitura eu o acho melhor.
José Mauro foi o típico homem do povo brasileiro, guerreiro até o fim: enfrentou o que apareceu, foi inclusive ator de cinema. Era muito versátil!
Mas como dissemos, não tem em sua terra (e provavelmente jamais terá) o reconhecimento que merece.
Nem por isso deixa de ter valor. Foi um grande escritor, sensível e verdadeiro.
A receptividade de sua matéria é um exemplo do pouco valor que ele tem no Brasil. Uma vergonha. O primeiro comentário, este meu, ocorre 7 anos depois que vc a produziu.

Luciano disse...

O que seria o 'ninho do rouxinol" que Joana Maresia usava?

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