Todos os humanos tem medo de alguma coisa, todos, sem exceção, alguns medos podem ser insignificantes para algumas pessoas mas que para certas pessoas podem parecer o fim do mundo, literalmente, o encontro com o diabo, onde sua coragem já foi testada e perdeu dezenas de vezes, o medo, nada mais é que, uma forte emoção onde algo nos supera, onde algo é indescritivelmente muito mais forte e maior do que nós em tudo, algo que nos impressiona e nos deixa sem chão, isso, é o medo.
Nas crianças, esse medo pode se tornar pânico, a maioria delas não tem medo algum do Bicho Papão, porém, há aquelas que morrem de medo só de ouvirem essas palavras, e tem outros que se borram todinho quando acontece alguma coisa parecida.
Davi, é uma criança calma e muito dependente dos seus pais, mimado até demais, com seus 6 anos de idade ele tinha muitos amigos da escola, certa noite, ele deu uma “festa do pijama” e convidou diversos amiguinhos para sua festa, o problema é que justo essa noite, era uma sexta-feira 13, ele não sabia ao certo o que isso significava até por que nessa idade, poucas (ou quase nenhuma) criança sabe realmente o significado desta data.
Depois da chegada dos convidados, todos de pijamas, o céu desabou lá fora, choveu como nunca havia chovido antes, como a chuva estava forte, a TV a Cabo estava com problema na recepção do sinal assim como a internet e o telefone residencial e diversas operadores de celulares enfrentavam dificuldades, o que dificultava para as crianças que iriam assistir desenhos a noite inteira até pegarem no sono.
Então, como era relativamente cedo, Davi, entrou no quarto de seus pais e pegou um DVD escondido e colocou para ele e as outras crianças assistirem, só que mal sabiam elas que o filme era de terror, quando perceberam, algumas crianças protestaram pedindo para retirar o filme enquanto as outras, a maioria, pediram pra deixar rolar.
Em certa parte do filme, as pessoas se encontravam na mesma situação que as crianças, em casa, ilhados, devido a tempestade, e estavam sem TV, celular e internet, a diferença é que os atores do filme estavam se preparando para dormir quando o telefone no filme começou a tocar, e as crianças deram saltinhos assustadas, e de repente o telefone na casa do Davi tocou em alto e bom som ecoando pela casa inteira deixando as crianças histéricas, no filme e na casa de Davi, o telefone, depois de atendido ficava mudo, deixando a noite mais sinistra ainda.
O Filme estava pausado, uma das crianças quebrou o silêncio que dominava o ambiente.
Davi, cadê sua mãe?! - morrendo de medo, mas disfarçando a voz.
Não sei, eu vou lá em cima dar uma olhada no quarto dela, alguém que ir comigo? - olhando ao redor tentando encontrar apoio.
Por que você não vai sozinho, está com medo? - disse um menino com pijama branco de bolinhas pretas.
Vocês que sabem... mas tomem cuidado com o bicho papão. - subindo as escadas decidido.
Espere aí, que bicho papão? - perguntou um outro menino que usava óculos.
Vocês não sabem?
Todos fizeram sinal de negativo com a cabeça, mas ainda esperando uma resposta.
Diz a lenda que um bicho papão saí em noite chuvosa pra caçar criancinhas pra comer... mas é só uma lenda. - voltando sua atenção para a escada.
Mas como ele é? - perguntou uma menina loira usando um pijama cor-de-rosa
Ah, varia muito... uns dizem que ele é alto, dentes afiados e cabeludos e um pouco corcunda, mas outros dizem que ele tem três olhos, e com o olho a mais ele enxerga o medo das crianças indefesas de longe, e quando ele vai entrar em alguma casa, ele dá uma arranhada na porta.
As crianças pareciam apavoradas ainda mais quando o Davi terminou de falar, pois em seguida eles ouviram um barulho estranho de alguém arranhando alguma coisa em algum canto da casa, assim que ouviram, todos, deram gritinhos abafados.
Vocês ouviram isso? - perguntou o mais medroso de todos, o menino que usa um óculos.
Não foi nada, deve ter sido um gato, ou mesmo um rato fugindo da tempestade. - Tranquilizou Davi.
Tem ratos aqui? Que nojo! - disse a loira de cor-de-rosa.
Bom, eu vou lá em cima, alguém quer vir ou não?
Todos se colocaram prontamente ao lado de Davi, e juntos, subiram a escada devagar como se estivessem com medo de fazer algum barulho e não queriam chamar atenção, a casa foi iluminada e um barulho ensurdecedor veio em seguida, um trovão, acabando ainda com a energia que restava, e deixou tudo escuro, eles ouviram um grito, de uma mulher.
O que foi isso? É sua mãe? Será que ela foi atacada por um bicho papão? - deduziu uma das crianças.
Eu to com medo. - disse a loura de cor-de-rosa.
Calma gente, não é nada demais. - retrucou Davi. - Vamos continuar a subir e vocês vão ver.
Mas e o... - o de óculos iria falar, mas foi impedido pelo menino de pijama branco com bolinhas pretas.
Fique quieto e vamos em frente seu medroso
Vocês ficam nesse lenga lenga... - abrindo espaço entre os meninos, uma menina morena tomou a frente de todos. - ...eu espero por vocês lá em cima.
Davi logo seguiu atrás dela, e os outros sem ter uma opção ou por não saber o que fazer, seguiram atrás dos dois, conforme subiam os degraus a tensão aumentava cada vez mais, a casa estava ainda mergulhada no breu, o vento sibilando do lado de fora, a escada rangendo e o som ao longe de algo batendo contra alguma coisa, tudo isso deixava as garotas e os garotos apreensivos e com muita expectativa.
Falta muito? - perguntando a loira de cor-de-rosa.
Não, o quarto da minha mãe é no fim do corredor. - respondeu Davi sem paciência.
Assim continuaram a percorrer o enorme corredor, devagar, apesar de escuro, eles, ou apenas alguns deles pois os outros estavam preocupado demais com o que poderia acontecer a seguir para perceber que o corredor era todo coberto por um carpete, mais um deles percebeu algo a mais e disse:
É impressão minha ou o carpete está molhado? - sussurrou o menino de pijama branco e bolinhas pretas.
Todos pararam imediatamente para olhar e tentar entender o por quê disso, mas não puderam encontrar uma razão lógica para tal e continuaram a seguir em frente, agora, estavam próximos o quarto da mãe e finalmente iriam saber o que tinha acontecido, com sorte, nada demais e estariam bem e a salvo com ela de todo e qualquer intruso.
Enfim, chegaram a porta do quarto da Mãe do Davi, ele, colocou a mão na maçaneta e girou, a porta se abriu e o quarto se apesentou imerso na escuridão, nenhum som veio de lá de dentro, eles adentraram o recinto receosos, se encostaram na parede enquanto o Davi fechava a porta sem fazer um ruído.
E agora, o que faremos? - se sentindo sem saída, o de óculos questionou.
Fica quieto seu medrosos. - rebateu o menino de pijama branco com bolinhas pretas.
Davi se virou e rodeou o quarto em busca de alguma coisa, mexeu no interruptor para ver se a luz tinha voltado e nada aconteceu.
O que é aquilo? - perguntou a loira de cor-de-rosa aos prantos.
Todos olharam na direção em que ela apontava, era um sombra de alguma coisa se mexendo, houve um reboliço entre eles, pois não sabiam do que se tratava aquilo.
Calma gente... - andando até aquilo, e desmitificando o que parecia ser um monstro. - ...isso é apenas a sombra de um casaco... deste aqui. - apontando.
Ouviu-se um suspiro de alivio por parte dos meninos, e o Davi, volta para o lugar onde estão seus amigos.
Davi... se aquilo ali é um casaco, o que é aquilo que está atrás da cortina? - perguntou o menino de óculos, falando sobre um par de sapatos embaixo da cortina que fazia um leve e gracioso movimento.
Deve ser o vento que está dando este efeito... não seja bobo.
Novamente, o silêncio se instaurou entre a criançada, para quebrar o gelo e reassumir o comando, Davi disse:
Vamos esperar na cama, venham...
Não foi preciso dizer mais nada, todos se enfiaram embaixo do lençol.
Sua mãe sumiu!
Não sumiu não, ela deve estar aí pela casa...
Passos surdo são ouvidos que pareciam estar se aproximando cada vez mais do quarto onde eles estavam.
Quem será dessa vez? - perguntou curioso o menino de pijama de bolinhas pretas.
Quando todos estavam apreensivos sobre quem seria que estava se aproximando do quarto, uma outra pessoa surge de um canto do quarto, todas as crianças gritam apavoradas, com a visão daquele ser cabeçudo de corpo fino e com garras afiadas, tudo isso deduzido no escuro, quando a porta do quarto se abriu as crianças gritaram mais ainda, com uma outra visão, de um assassino encapuzado que parecia que iria ataca-los a qualquer momento, aos gritos e choradeira da criançada, a luz voltou e um dos seres diz:
O que aconteceu crianças? - o ser cabeçudo, na verdade era uma mulher, a mãe do Davi, que estava com a toalha na cabeça e uma outra enrolada no corpo, o que deixava seu corpo fino.
Isso, por que essa gritaria toda? - perguntou um homem tirando o capuz da cabeça.
Papai, papai! - Davi correu até ele e lhe deu um abraço apertado.
A criançada explicou em detalhes o ocorrido, talvez dando uma exagerada aqui e ali para os pais do Davi, que riram muito do que aconteceu, fizeram pipoca e terminaram a noite assistindo um desenho na televisão, e na hora de dormir, foram colocados colchões no quarto dos pais do Davi, para que nenhuma das crianças sentisse medo durante a noite, e assim, terminou mais uma noite da festa do pijama de Davi.
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